sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Presidenciais


Pois bem, hoje é o último dia de campanha. E como não podia deixar de ser, pelo menos 3 sondagens foram publicadas, com resultados muito parecidos.

Pessoalmente não concordo com nenhuma delas. Penso que iremos ter uma eleição bastante parecida com a última, com um Nobre a fazer de Alegre. Ou seja, Cavaco em primeiro lugar (sem garantias de ganhar à primeira volta), Fernando Nobre em segundo, Manuel Alegre em terceiro, Fernando Lopes em quarto, Coelho em quinto e o pobre Defensor Moura em último.

Ao longo da campanha, quem mais se evidenciou foi sem dúvida Fernando Nobre. Continuo a manter a minha opinião de que não se devia ter metido na política. Não tinha nada a provar, e a imagem dele podia sair muito deturpada desta luta. No entanto, e tal como também referi, conseguiu limar as tais arestas, e conseguiu afastar-se do rótulo de anti-candidato, uma vez que foi o único que não andou constantemente a fazer acusações a Cavaco Silva. Porém, não sei até que ponto será a fonte de estabilidade de que o país precisa, pois caso seja eleito (o que é francamente difícil) deverá querer mostrar acção.

Por outro lado, Manuel Alegre perdeu muito com os ataques constantes a Cavaco Silva. Se a ideia era cativar o eleitorado, penso que conseguiu exactamente o contrário. Não apresentou ideias, teve debates muito pobres e limitou-se a lançar calúnias, das quais os eleitores não gostaram.

Cavaco Silva não surpreendeu na campanha. Apesar de não ter esclarecido as polémicas em que estava envolvido, ninguém chegou a perceber muito bem o que aconteceu, nem ninguém conseguiu perceber se de facto ocorreu ali alguma coisa errada. Sou defensor de que aquilo de que o acusam é mais da esfera privada do que da pública, mas se não há nada a esconder, também não deveria haver problemas em explicar ao país o que de facto aconteceu.


Acerca de Fernando Lopes, não há nada a dizer. Foi um candidato à PCP, com a luta sempre na ponta da língua e sempre a falar mal dos grandes grupos económicos. Ainda ensaiou alguns ataques a Cavaco Silva. Esta candidatura deverá ter servido apenas para apresentar aos fiéis militantes comunistas (e aos outros) quem vai ser o seu próximo líder.

Para terminar, no campeonato dos mais fracos, Coelho acabou por também surpreender. Não é tão burro quanto quer fazer parecer, e conquistou votos à custa do seu populismo. Porém, obviamente que nem ele quer ser Presidente da República. Defensor Moura deu a ideia de ser um anti-candidato do PS, que servia apenas para dizer o que Alegre não queira/não podia, e deverá perder ainda mais devido a esse facto.

A ver vamos no próximo Domingo.

Saudações Tasqueiras.

5 comentários:

ematejoca disse...

Um ÓPTIMO artigo, porque expressa 100% o que eu penso.

Posso roubá-lo?!

Taxi Driver disse...

"Por outro lado, Manuel Alegre perdeu muito com os ataques constantes a Cavaco Silva. (...)limitou-se a lançar calúnias, das quais os eleitores não gostaram."

A lançar calúnias? Então o gajo não se limitou a pedir explicações? Sobre o BPN, sobre as acções, sobre a mais recente estória da casa de férias...?

"Apesar de não ter esclarecido as polémicas em que estava envolvido, ninguém chegou a perceber muito bem o que aconteceu, nem ninguém conseguiu perceber se de facto ocorreu ali alguma coisa errada."

Engraçado... Não te vejo a ter o mesmo discurso com gajos como o Valentim Loureiro, o Isaltino... (ou tens?) Um gajo também ainda não percebeu se aconteceu realmente alguam coisa. Realmente, inocente até provado o contrário.

"Sou defensor de que aquilo de que o acusam é mais da esfera privada do que da pública, mas se não há nada a esconder, também não deveria haver problemas em explicar ao país o que de facto aconteceu."

Nenhuma das acusações é da esfera privada.

E quanto ao Nobre, "não sei até que ponto será a fonte de estabilidade de que o país precisa,". E o Cavaco é?!
O gajo passou a vida a destabilizar o governo e as suas medidas e a ajudar o seu amigo Passos Coelho a garantir tb ele uma vitória em breve.

É mas é uma treta tudo isto. Os políticos são todos uma merda e um gajo não político será uma lufada de ar fresco. Pode-se corromper, é verdade. Mas pelo menos não irá para lá já com a missa toda estudada.

Mas hey, como disse anterioemente, sou apenas um taxista, what do I know... :)

Adérito, o tasqueiro disse...

ematejoca:
Sim, podes :)

Taxi Driver:

O Manuel Alegre limitou-se apenas a acusar o Cavaco. Todos os discursos que tinha era a acusar o Cavaco de que queria deitar abaixo o Governo, de que queria acabar com o Estado Social, de que tinha sido beneficiado no caso BPN, etc, etc. E descobriu-se depois que afinal tinha telhados de vidro, com o caso BPP (pode dizer-se em sua defesa que eram apenas 1500 euros, mas o principio de honestidade é o mesmo, e o facto de ter contado 2 ou 3 versões da mesma história não abona nada em seu favor).

O Isaltino já foi condenado, logo isso significa que alguma coisa foi provada. Só nao está preso porque estamos em Portugal. Quanto ao Valentim, sou da opinião de que tem muito poder e consegue escapar-se às mais variadas acusações, mesmo havendo provas em contrário. Quanto ao Cavaco é diferente. A questão da casa da férias, e da tal permuta, parece-me ser totalemente da esfera privada. Decidiu trocar a casa, e trocou-a. Não exercia nenhum cargo público e não tinha explicações a dar. Quanto ao caso BPN, não consegui perceber. A grande dúvida subsiste acerca do preço a que as acções foram compradas, uma vez que o preço a que as acções foram vendidas não é diferente do preço que foi praticado algum tempo depois (até foi mais elevado nessa altura). Quando a haver benefício na compra, será que o próprio Cavaco sabia que estava a ser beneficiado? Tratava-se de uma empresa não cotada em bolsa. Ele quis comprar acções e a administração apontou-lhe um preço de compra. Quando as quis vender, propos um preço que foi aceite. Faltaram foi as explicações, que eram muito imporantes. Atenção: não estou a tentar defender o Cavaco Silva, só a colocar a minha interpretação, segundo tudo o que li.

Quanto a ser ou não fonte de estabilidade, acho que nos 5 anos em que foi Presidente, nunca teve grande influência nas políticas do Governo e não vetou um grande número de leis. Não mandou o Goveno abaixo enquanto podia, pelo que talvez não tenha dado assim uma ajuda tão grande quanto isso ao seu 'amigo' Passos.

Quanto ao Nobre, e para terminar, não estava até a falar de se corromper. Estava mais a falar de querer mostrar acção demais, e ser negativo para o Governo e para o país. Mas sem dúvida que me supreendeu na camapanha, e se houver um segunda volta é por causa dele.

A ver vamos...

Fernando Vasconcelos disse...

Pois não concordo consigo. Fernando Nobre deveria ter-se metido na politica sim senhor. como todos nós nos deveríamos meter. Aliás essa é a grande mensagem da sua campanha que se ouvirmos com cuidado o que ele diz é bastante claro. Aliás só tenho pena que nem sempre tenha conseguido resistir a enveredar por outro tipo de discurso. Tinha tudo a perder. Não sei mesmo se não o terá perdido (tudo). Mas se isso aconteceu por um lado só revela o seu altruísmo. Por outro lado revela certamente a necessidade absoluta de acordarmos e exigirmos mais. Acordar implica exercer o dever de memória. Implica a preocupação e a vontade de intervir. Que essa tenha sido o exemplo de Fernando Nobre. Que pelo menos isso não se perca e teremos ganho alguma coisa com o exemplo.

Adérito, o tasqueiro disse...

Caro amigo, antes de mais muito prazer em recebe-lo aqui na tasca.

Pois, eu de facto elogiei Fernando Nobre. Por isso talvez não discorde assim tanto de mim. Apenas disse que o querer ser agora político podia levar a que a imagem dele saisse bastante deturpada, porque essa não é a sua área. Porém acho que conseguiu surpreender, e tal como diz talvez tenha servido de exemplo para muita gente que está descontente.

Só tenho uma coisa a apontar ao seu comentário: é que desconfio um pouco desse altruísmo tão grande, uma vez que a candidatura deverá ter começado precisamente por forçar partidárias (nomeadamente Mário Soares), tal como ontem transpareceu do discurso de encerramento da candidatura. Esse impeto inicial pode depois ter sido afastado, tal como acho que foi, mas quer-me parecer que existiu.

Saudações Tasqueiras.