segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nando Nobre




Fernando Nobre continua a supreender.


A primeira vez que escrevi sobre este indivíduo interroguei-me acerca das razões que o levariam a candidatar-se a Presidente da República. Concordo que a política não é só para os ditos "políticos", e alguém com influência na sociedade civil tem o todo o direito de querer fazer mais alguma coisa pelo seu país. Porém a opinião pública é difícil de conquistar, e previ que Nobre fosse destruir a imagem de credibilidade e humanidade que havia conquistado ao longo do tempo.


A campanha surpreendeu-me. Apesar da notória falta de ideias e da dificuldade de expressão, conseguiu colocar-se acima das acusações constantes de Alegre e companhia a Cavaco. E colheu frutos. No discurso final, voltou a estar bem ao apelar a todos os portugueses para que se juntem em torno do objectivo de tornar Portugal um país melhor.


Depois de um pequeno interregno, voltamos a ter Nobre.


Inicialmente concordei com a inclusão de Nobre nas listas do PSD. Se actualmente grande parte da população afirma que não confia nos partidos nem nos políticos, é bom que estes partidos tentem aumentar a sua credibilidade e incluam nas suas fileiras elementos da sociedade civil, sem filiação partidária, mas que podem dar um bom contributo. É um sinal de abertura à sociedade, muito positivo. E reconheço a política como sendo uma das melhores formas de participação cívica. Pelo que também compreendi que Nobre se aliasse a um partido, para dar voz às suas ideias e às suas reivindicações. Não concordei com todos aqueles que o acusavam de traição. Afinal continuava a ser independente. Só aceitou o convite de um determinado projecto que, para Nobre, era talvez o melhor.


Mas isto foi incialmente.


Depois de neste fim de semana Nobre ter vindo dizer que caso não fosse eleito Presidente da Assembleia da República renunciava ao cargo de deputado, todas as minhas ideias se esfumaram.


Demonstrou que de facto não tinha aceite o convite apenas para dar voz a todos os que nele tinham votado. Tinha aceite o convite porque viu nele um meio para chegar a um fim: o de ser a 2ª figura mais importante do Estado. E ainda veio à televisão desmentir o que havia dito categoricamente em entrevista ao Expresso. Muito triste de facto.


Apesar de tudo isto, continuo a concordar com a inclusão de figuras independentes nas listas partidárias. Os partidos necessitam de abertura à sociedade, para acabar com o estigma de que ser político é sinónimo de ser corrupto, maladro e pouco inteligente.


Saudações Tasqueiras.


Post scriptum: apesar de manter o que disse no post anterior acerca de Sócrates, as recentes notícias de que afinal Passos mentiu e encontrou-se com Sócrates antes da apresentação do PEC IV, deixaram-me um certo sabor amargo. Só ainda não consegui perceber se o encontro teve como objectivo a negociação ou apenas a apresentação das medidas. A ver vamos.

2 comentários:

ematejoca disse...

Concordo completamente com esta tua análise do comportamento do Fernando Nobre.

Sabe-se lá as surpresas que ainda vamos ter com o Nobre, o Coelho ou com o filósofo.

Espero ler mais artigos teus sobre este assunto.

XS disse...

A mim, o que mais me abalou foi o facto do Nandinho ter dito que desconhecia por completo o programa eleitoral do PSD.... Caladinho, era um príncipe....